Planalto Central: uma Brasília vermelha

Barbra Tenório
2 min readFeb 6, 2021

--

Chão brasiliense. Foto: Barbra Tenório

Da ideia de Brasília tinha uma imagem verde e branca com toques de cinza asfáltico. Eram os edifícios modernistas de Niemeyer em meio a uma ambiência urbana planejada, muito verde, muitos canteiros, ipês presenteando a paisagem e o clima. Superquadras e glebas cortadas pelo asfalto quente. Quentura compensada pelo solo livre e verde, que permitiria correr os ventos…

Cheguei numa Brasília vermelha. No caminho do aeroporto ao sítio do meu sogro só reparei no vermelho terroso. Encontrei verde, branco e cinza também, como já esperava, mas essas não são as cores de Brasília. Não são essas as cores que marcam a Brasília concreta, simboliza apenas a ideia de uma Brasília que eu tinha na minha cabeça.

Vermelho está lá, ‘incrunhado’ na terra, sempre esteve, e ele resiste. Não importa os planos implementados, os eixos traçados, as aglomerações urbanas que se expandem para fora do plano piloto. Brasília é vermelha. A Brasília do plano, a Brasília invadida, a Brasília ocupada, a Brasília urbana, a Brasília rural. Tudo se coloca vermelho mesmo não o sendo. É a força do solo que imprime sua marca no pé candango, que por sua vez faz pegadas vermelhas na brancura arquitetônica dos monumentos. O vermelho que contrasta com os verdes abundantes. A natureza dando aula de cores e o homem insistindo em pintar tudo de cinza.

--

--

Barbra Tenório

tentando organizar liricamente ou livremente as palavras que escapam do meu pensar.